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ROMANTISMO- BRASIL
ROMANTISMO- BRASIL

1. O Romantismo

 

O Romantismo é um amplo movimento, que surgiu no século XIX, e representa, na literatura e na arte em geral, os anseios da classe burguesa, que, na época, estava em ascensão. A literatura, portanto, abandona a aristocracia para caminhar ao lado do povo, da cultura leiga. Por esse motivo, acaba por ser também uma oposição ao Classicismo. Assim sendo, o romantismo definiu-se como escola literária nas letras universais a partir dos últimos 25 anos do século XVIII. Publicado na Alemanha por Goethe em 1774, Werther lança as bases definitivas do sentimentalismo romântico e do escapismo pelo suicí­dio.

 

2. MOMENTO HISTÓRICO

 

Na segunda metade do século XVIII, o processo de industrialização modificou as antigas relações econômicas, estabelecendo na Europa uma nova organização polí­tica e social que muito influenciara os tempos modernos. A importância da Revolução Francesa, tão exaltada por Gonçalves de Magalhães, o introdutor do romantismo no Brasil, traz como consequência do processo industrial e da ascensão da burguesia ao poder polí­tico, mudanças no plano social. Assim delineia-se duas classes distintas e antagônicas, embora atuassem parelhas durante a revolução: a classe dominante, agora representada pela burguesia capitalista industrial, e a classe dominada representada pelo proletariado. O romantismo foi uma escola "da burguesia, pela burguesia e para burguesia", de onde seu caráter profundamente ideológico em favor da classe dominante. O nacionalismo, o sentimentalismo, o subjetivismo, o irracionalismo - caracterí­sticas marcantes do romantismo inicial - não podem ser analisados isoladamente, sem se mencionar sua carga ideológica.

 

3. Características

 

O primeiro passo para tentar estabelecer as caracterí­sticas românticas é entender o romantismo como um estilo de época delimitado no tempo, ou seja, percebe-se nitidamente uma evolução no comportamento dos autores românticos, sendo as caracterí­sticas finais do movimento até contraditórias se comparadas às dos primeiros românticos.

Inicialmente, romântico era tudo aquilo que se opunha a clássico. Uma arte de caráter erudito e nobre opõe-se uma arte de caráter popular, que valoriza o folclórico e o nacional; o indiví­duo passa a ser o centro das atenções apelando para a imaginação e para os sentimentos, do que resulta uma interpretação subjetiva da realidade

Um dos acontecimentos mais importantes relacionados ao romantismo foi o surgimento de um público consumidor, uma vez que a literatura torna-se mais popular, o que não acontecia com os estilos de época de caracterí­sticas clássicas. Surge o romance, forma mais acessí­vel de manifestação literária; o teatro ganha novo impulso, abandonando as formas clássicas e se inspirando em temas nacionais (o teatro de Almeida Garrett, em Portugal, e o de Martins Pena, no Brasil são bons exemplos).

Quanto ao conteúdo, os românticos cultivam o nacionalismo, que se manifestava na exaltação da natureza pátria, no retorno ao passado histórico e na criação do herói nacional (no caso das literaturas europeias, esses heróis nacionais são belos e valentes cavalheiros medievais, na literatura brasileira, nossos heróis são os í­ndios, não menos belos, valentes e civilizados). Da exaltação do passado histórico nasce o culto a Idade Média que, além de representar as glórias e tradições do passado, assume o papel de negar os valores da Antiguidade Clássica, como o paganismo.

Como afirma Gonçalves de Magalhães. A natureza também assume múltiplos significados: ora é uma extensão da pátria, ora é um refúgio à vida atribulada dos centros urbanos do século XIX, ora é um prolongamento do próprio poeta e de seu estado emocional. Outra caracterí­stica marcante do romantismo, e verdadeiro "cartão de visita" de todo o movimento, é o sentimentalismo, a supervalorização das emoções pessoais: é o mundo interior que conta, o subjetivismo. E à medida que esse aprofundamento em direção ao eu se intensifica, cultivando o individualismo e o pessoalismo, perde-se a consciência do todo, do coletivo, do social.

A excessiva valorização do eu gera o egocentrismo, segundo o qual os poetas românticos se colocavam como centro do universo. Evidentemente, surge da à um choque entre a realidade objetiva e o mundo interior do poeta. A derrota inevitável do ego produz um estado de frustração e tédio.

Já no final do romantismo, notadamente na década de 1860, desenvolve-se uma literatura de caráter mais social, a partir das transformações econômicas, polí­ticas e sociais; a poesia reflete as grandes agitações, no Brasil, a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai e o ideal republicano resultam na poesia social de Castro Alves. No fundo, era uma transição para o Realismo.

O leitor de obras literárias não é mais o elemento da nobreza, ligado ao clero, culto, letrado, que absorvia os textos visando à elevação do espí­rito, mas o burguês, limitado intelectualmente. Este buscava na obra de arte uma forma de entretenimento, procura uma possibilidade de identificação com a obra.

As obras clássicas trabalharão com valores universais; as românticas, com valores relativos. Já o artista, antes financiado pela nobreza, agora terá que atender aos anseios e às expectativas da burguesia que irá adquirir seu livro. Talvez seja esta a primeira caracterí­stica do estilo: uma literatura de caráter popular, voltada para a burguesia. Mergulhado em si, o artista se vê limitado por um profundo sentimento de abandono e angústia. Surgem o inconformismo, a insatisfação, a rebeldia, a tristeza e a agressividade. Uns reagem, revoltam-se e fazem poesias de inconformismo social. Outros, buscando formas de escapismo, de evasão, repudiam o presente, refugiando-se no passado, na infância, nos sonhos (que os conduzirão a lugares lendários, exóticos), na longí­nqua Idade média, teocêntrica e misteriosa. O mecanismo de compensação será idealizado: o herói (inspirado no cavaleiro medieval) é sempre puro, valente, corajoso, honesto e bom, respeitador de sua dama; a heroí­na, imaculada, angelical; e o mundo, ideal, justo.

Além das caracterí­sticas já observadas, há outras que merecem destaque ou ser vistas com maior aprofundamento: subjetivismo: o romântico quer retratar em sua obra uma realidade interior e parcial. Trata os assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que sente, aproximando-se da fantasia; idealização: motivado pela fantasia e pela imaginação, o artista romântico passa a idealizar tudo; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal.  Assim, a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingí­vel; o amor, quase sempre, é espiritual e inalcançável; o í­ndio, ainda que moldado segundo modelos europeus, é o herói nacional; sentimentalismo: exaltam-se os sentidos, e tudo o que é provocado pelo impulso é permitido.

Certos sentimentos, como a saudade (saudosismo), a tristeza, a nostalgia e a desilusão, são constantes na obra romântica; egocentrismo cultua-se o "eu" interior, atitude narcisista, em que o individualismo prevalece; microcosmos (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior); liberdade de criação: todo tipo de padrão clássico preestabelecido é abolido.

O escritor romântico recusa formas poéticas, usa o verso livre e branco, libertando-se dos modelos greco-latinos, tão valorizados pelos clássicos, e aproximando-se da linguagem coloquial; medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu paí­s, de seu povo. No Brasil, o í­ndio representa o papel de nosso passado medieval e vivo; pessimismo: conhecido como o "mal-do-século". O artista se vê diante da impossibilidade de realizar o sonho do "eu" e, desse modo, cai em profunda tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero, frustração, levando-o, muitas vezes, ao suicí­dio, solução definitiva para o mal-do-século.  Em resumo podemos destacar as características românticas: Subjetivismo; Egocentrismo; Saudosismo; Sentimentalismo; Idealização da mulher e do amor; Medievalismo (volta às origens - Europa); Religiosidade; Condoreirismo; Byronismo (Lord Byron - boemia, prazeres, fumo, sexo).

 

4. O Romantismo no Brasil

 

O romantismo inicia-se no Brasil em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica, na França, a Niterói - revista brasiliense e lança, no mesmo ano, um livro de poesias românticas intitulado Suspiros Poéticos e Saudades. No prefácio desse livro de 1836, Gonçalves de Magalhães nos dá uma ótima visão do que era o romantismo para um autor romântico. Realmente, Gonçalves de Magalhães define o romantismo e suas caracterí­sticas básicas de dois aspectos: conteúdo e forma.

 O Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois de nossa independência polí­tica. Por isso, as primeiras obras e os primeiros artistas românicos estão empenhados em definir um perfil da cultura brasileira em vários aspectos: a lí­ngua, a etnia, as tradições, o passado histórico, as diferenças regionais, a religião, etc. Pode-se dizer que o nacionalismo é o traço essencial que caracteriza a produção de nossos primeiros escritores românticos, como é o caso de Gonçalves Dias.

A Independência polí­tica, de 1822, desperta na consciência de intelectuais e artistas nacionais a necessidade de criar uma cultura brasileira identificada com suas próprias raí­zes históricas, linguí­sticas e culturais.

O Romantismo, além de seu significado primeiro “ o de ser uma reação à tradição clássica “, assume em nossa literatura a conotação de um movimento anticolonialista e antilusitano, ou seja, de rejeição à literatura produzida na época colonial, em virtude do apego dessa produção aos modelos culturais portugueses. Portanto, um dos traços essenciais de nosso Romantismo é o nacionalismo, que orientará o movimento e lhe abrirá um rico leque de possibilidades a serem exploradas. Dentre elas se destacam: o indianismo, o regionalismo, a pesquisa histórica, folclórica e linguí­stica, além da crí­tica aos problemas nacionais “ todas elas posturas comprometidas com o projeto de construção de uma identidade nacional.

Tradicionalmente se tem apontado a publicação da obra Suspiros poéticos e saudades (l836), de Gonçalves de Magalhães, como o marco inicial do Romantismo no Brasil. A importância dessa obra reside muito mais nas novidades teóricas de seu prólogo, em que Magalhães anuncia a revolução literária romântica, do que propriamente na execução dessas teorias.

 

5. As gerações do Romantismo

 

Tradicionalmente se têm apontado três gerações de escritores românticos. Essa divisão, contudo, engloba principalmente os autores de poesia. Os romancistas não se enquadram muito bem nessa divisão, uma vez que suas obras podem apresentar traços de mais de uma geração. Assim, as três gerações de poetas românticos brasileiros são:

 

1ª geração: nacionalista, indianista e religiosa. Destacam-se os poetas Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. A geração nacionalista é impulsionada pelos valores nacionais, introduz e solidifica o Romantismo no Brasil.

 

2ª geração: marcada pelo "mal do século", apresenta egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e atração pela morte. Destacam-se os poetas Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Junqueira Freire. Essa geração é conhecida também por Ultrarromantismos, devido à forte influência byroniana. Além das mencionadas acima, há ainda o determinismo, ví­timas de destino, melancolia, desejo de evasão, recordação de um passado longí­nquo, que não tiveram, cansaço da vida antes de tê-la vivido.

 

3ª geração: formada pelo grupo condoreiro, desenvolve uma poesia de cunho polí­tico e social. A maior expressão desse grupo é Castro Alves. Essa última geração “condoreira“ vive um clima de intensa agitação interna: Guerra do Paraguai, lutas abolicionistas, propaganda republicana. O poeta torna-se o porta-voz das aspirações sociais e seus versos são armas usadas nas lutas liberais.

 

O Romantismo brasileiro contou com um grande número de escritores, com uma vasta produção, que, em resumo, pode ser assim apresentada: na lí­rica: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães, Álvares de Azevedo, Cardoso de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire, Castro Alves e Sousândrade, dentre outros; na épica: Gonçalves Dias e Castro Alves; no romance: José de Alencar, Manoel Antônio de Almeida, Joaquim. Manuel de Macedo, Bernardo Guimarães, Visconde de Taunay, Franklin Távora e outros; no conto: Álvares de Azevedo; no teatro: Martins Pena, José de Alencar, Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e outro.

 

Características do Romantismo:

 

Subjetivismo: Tendência a reduzir toda existência ao pensamento em geral.

Egocentrismo: O eu tomado como sendo o centro único de interesses.

Idealização da mulher, do amor e do herói:

- A mulher romântica é tida como semideusa: apresenta inúmeras virtudes e é muito próxima da perfeição absoluta;

- O amor é um regenerador do caráter e sobrepõe-se a tudo e a todos(como acontece com Simão, da obra Amor de Perdição);

- O herói romântico apresenta certas características indignas, mas que não revelam má índole, e sim uma atitude contrária ao mundo como ele é, movido pelos sonhos e incompreendido.

Escapismo: é a tendência de escapar de uma situação que pareça molestante, causando sempre à fuga da realidade. Existem 5 tipos de atitudes escapistas, que são:

- Fuga na morte: retrata a morte como libertação do fardo da matéria. A angústia defronta com o culto à morte;

- Fuga no sonho e na imaginação: é a capacidade de suplantar a noção de realidade pelo imaginário e usar os sonhos como instrumento de projeção dos anseios e desejos;

- Fuga na loucura: retrata os fracos limites entre sanidade e loucura dos personagens românticos, o constante uso das drogas e da bebida para conseguir a fuga da realidade;

- Fuga no espaço: os autores se dirigem à espaços distantes e misteriosos para compor o cenário de suas obras e muitas vezes, omitem o lugar onde se passam as ações;

- Fuga no tempo: ocorre a tentativa de mostrar a felicidade da infância ou até mesmo no retrato do passado nacional das obras nacionalistas, ocorrendo neste caso um erro: os poetas retratam o indígena como um cavaleiro medieval, sendo que no Brasil não houve este período histórico.

Pessimismo: a supremacia do mal sobre o bem, levando ao conformismo ou às atitudes escapistas.

Religiosidade: uso da religião como salvação, sendo marcante o monoteísmo e o medo de pecar nas obras românticas.

 

Romances Românticos:

Prosa social-urbana: obras cujo cenário são as cidades e os costumes da burguesia e da corte (saraus) são retratados.

Prosa indianista: o protagonista é o indígena, e o passado nacional é retratado, embora tenha traços fortes do cavaleiro medieval europeu.

Prosa regionalista: os usos, costumes e paisagens típicas regionais são os temas constantes destes romances.

Prosa histórica: retrata o passado histórico do Brasil, podendo ou não possuir características indianistas.