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GONÇALVES DE MAGALHÃES
GONÇALVES DE MAGALHÃES

Suspiros Poéticos e Saudades, Domingos Gonçalves de Magalhães

Texto proveniente de:
Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística - http://www.cce.ufsc.br/~alckmar/literatura/literat.html
Universidade Federal de Santa Catarina
Permitido o uso apenas para fins educacionais.

LEDE

(Prefácio aos Suspiros Poéticos e Saudades)

Pede o uso que se dê um prólogo ao Livro, como um pórtico ao edifício; e como este deve indicar por sua construção a que Divindade se consagra o templo, assim deve aquele designar o caráter da obra. Santo uso de que nos aproveitamos, para desvanecer alguns preconceitos, que talvez contra este Livro se elevem em alguns espíritos apoucados.

É um Livro de Poesias escritas segundo as impressões dos lugares; ora assentado entre as ruínas da antiga Roma, meditando sobre a sorte dos impérios; ora no cimo dos Alpes, a imaginação vagando no infinito co-mo um átomo no espaço, ora na gótica catedral, admirando a grandeza de Deus, e os prodígios do Cristia-nismo; ora entre os ciprestes que espalham sua sombra sobre túmulos; ora enfim refletindo sobre a sorte da Pátria, sobre as paixões dos homens, sobre o nada da vida. São poesias de um peregrino, variadas como as cenas da Natureza, diversas como as fases da vida, mas que se harmonizam pela unidade do pensamento, e se ligam como os anéis de uma cadeia; poesias d'alma, e do coração, e que só pela alma e o coração devem ser julgadas.

Quem ao menos uma vez separou-se de seus pais, chorou sobre a campa de um amigo, e armado com o bastão de
peregrino, errou de cidade em cidade, de ruína em ruína, como repudiado pelos seus; quem no silêncio da noite, cansado de fadiga, elevou até Deus uma alma piedosa, e verteu lágrimas amargas pela injustiça, e mi-sérias dos homens; quem meditou sobre a instabilidade das coisas da vida, e sobre a ordem providencial que reina na história da Humanidade, como nossa alma em todas as nossas ações; esse achará um eco de sua alma nestas folhas que lançamos hoje a seus pés, e um suspiro que se harmonize com o seu suspiro.

Para bem se avaliar esta obra, três coisas releva notar: o fim, o gênero, e a forma.

O fim deste Livro, ao menos aquele a que nos propusemos, que ignoramos se o atingimos, é o de elevar a Poesia à sublime fonte donde ela emana, como o eflúvio d'água, que da rocha se precipita, e ao seu cume remonta, ou como a reflexão da luz ao corpo luminoso; vingar ao mesmo tempo a Poesia das profanações do vulgo, indicando apenas no Brasil uma nova estrada aos futuros engenhos.

A Poesia, este aroma d'alma, deve de contínuo subir ao Senhor; som acorde da inteligência deve santificar as virtudes, e amaldiçoar os vícios. O poeta, empunhando a lira da Razão, cumpre-lhe vibrar as cordas eter-nas do Santo, do Justo, e do Belo.

Ora, tal não tem sido o fim da maior parte dos nossos poetas; e o mesmo Caldas, o primeiro dos nossos líri-cos, tão cheio de saber, e que pudera ter sido o reformador da nossa Poesia, nos seus primores d'arte, nem sempre se apoderou desta ideia.
Compõe-se uma grande parte de suas obras de traduções; e quando ele é original causa mesmo dó que can-tasse o homem selvagem de preferência ao homem civilizado, como se aquele a este superasse, como se a civilização não fosse obra de Deus, a que era o homem chamado pela força da inteligência com que a Pro-vidência dos mais seres o distinguira!

Outros apenas curaram de falar aos sentidos; outros em quebrar todas as leis da decência!

Seja qual for o lugar em que se ache o poeta, ou apunhalado pelas dores, ou ao lado de sua bela, embalado pelos prazeres;
no cárcere, como no palácio; na paz, como sobre o campo da batalha, se ele é verdadeiro poeta, jamais deve esquecer-se de sua missão, e acha sempre o segredo de encantar os sentidos, vibrar as cordas do coração, e elevar o pensamento nas asas da harmonia até às ideias arquétipas.

O poeta sem religião, e sem moral, é como o veneno derramado na fonte, onde morrem quantos aí procuram aplacar a sede.

Ora, nossa religião, nossa moral é aquela que nos ensinou o Filho de Deus, aquela que civilizou o mundo moderno, aquela que ilumina a Europa, e a América e só este bálsamo sagrado devem verter os cânticos dos poetas brasileiros.

Uma vez determinado e conhecido o fim, o gênero se apresenta naturalmente. Até aqui, como só se procu-rava fazer uma obra segundo a Arte, imitar era o meio indicado: fingida era a inspiração, e artificial o entu-siasmo. Desprezavam os poetas a consideração se a Mitologia podia, ou não, influir sobre nós. Contanto que dissessem que as Musas do Hélicon os inspiravam, que Febo guiava seu carro puxado pela quadriga, que a Aurora abria as portas do Oriente com seus dedos de rosas, e outras tais e quejandas imagens tão usadas, cuidavam que tudo tinham feito, e que com Homero emparelhavam; como se pudesse parecer belo quem achasse algum velho manto grego, e com ele se cobrisse. Antigos e safados ornamentos, de que todos se servem, a ninguém honram!

Quanto à forma, isto é, a construção, por assim dizer, material das estrofes, e de cada cântico em particular, nenhuma ordem seguimos; exprimindo as ideias como elas se apresentaram, para não destruir o acento da inspiração; além de que, a igualdade dos versos, a regularidade das rimas, e a simetria das estâncias produz uma tal monotonia, e dá certa feição de concertado artificio que jamais podem agradar. Ora, não se compõe uma orquestra só com sons doces e flautados; cada paixão requer sua linguagem própria, seus sons imitati-vos, e períodos explicativos.

Quando em outro tempo publicamos um volume das Poesias da nossa infância, não tínhamos ainda assaz refletido sobre estes pontos, e em quase todas estas faltas incorremos; hoje, porém, cuidamos ter seguido melhor caminho. Valha-nos ao menos o bom desejo, se não correspondem as obras ao nosso intento; outros mais mimosos da Natureza farão o que não nos é dado.

Algumas palavras acharão neste Livro que nos Dicionários Portugueses se não encontram; mas as línguas vivas se
enriquecem com o progresso da civilização, e das ciências, e uma nova ideia pede um novo termo.

Eis as necessárias explicações para aqueles que leem de boa fé, e se aprazem de colher uma pérola no meio das ondas; para aqueles, porém, que com olhos de prisma tudo decompõem, e como as serpentes sabem converter em veneno até o néctar das flores, tudo é perdido; o que poderemos nós dizer-lhes?.. . Eis mais uma pedra onde afiem suas presas; mais uma taça onde saciem sua febre de escárnio.

Este Livro é uma tentativa, é um ensaio; se ele merecer o público acolhimento, cobraremos ânimo, e conti-nuaremos a publicar outros que já temos feito, e aqueles que fazer poderemos com o tempo.

É um novo tributo que pagamos à Pátria, enquanto lhe não oferecemos coisa de maior valia; é o resultado de algumas horas de repouso, em que a imaginação se dilata, e a atenção descansa, fatigada pela seriedade da ciência.

Tu vais, oh Livro, ao meio do turbilhão em que se debate nossa Pátria; onde a trombeta da mediocridade abala todos os ossos, e desperta todas as ambições; onde tudo está gelado, exceto o egoísmo: tu vais, como uma folha no meio da floresta batida pelos ventos do inverno, e talvez tenhas de perder-te antes de ser ou-vido, como um grito no meio da tempestade.

Vai; nós te enviamos, cheio de amor pela Pátria, de entusiasmo por tudo o que é grande, e de esperanças em Deus, e no futuro.

Adeus!

Paris, julho de 1836.

DISCURSO SOBRE A HISTÓRIA DA LITERATURA DO BRASIL

III

Não se pode lisonjear muito o Brasil de dever a Portugal sua primeira educação, tão mesquinha foi ela que bem parece ter sido dada por mãos avaras e pobres; contudo boa ou má dele herdou, e o confessamos, a literatura e a poesia, que chegadas a este terreno americano não perderam o seu caráter europeu. Com a poe-sia vieram todos os deuses do paganismo; espalharam-se pelo Brasil, e dos céus, e das florestas, e dos rios se apoderaram.

A poesia brasileira não é uma indígena civilizada; é uma grega vestida à francesa e à portuguesa, e climati-zada no Brasil; é uma virgem do Hélicon que, peregrinando pelo mundo, estragou seu manto, talhado pelas mãos de Homero, e sentada à sombra das palmeiras da América, se apraz ainda com as reminiscências da pátria, cuida ouvir o doce murmúrio da castalha, o trépido sussurro do London e do Ismeno, e toma por um rouxinol o sabiá que gorjeia entre os galhos da laranjeira.
Enfeitiçados por esse nume sedutor, por essa bela estrangeira, os poetas brasileiros se deixaram levar por seus cânticos, e olvidaram a simples imagem que uma natureza virgem com tanta profusão lhes oferecia. Semelhante à Armida de Tasso, cujo beleza, artifícios e doces palavras atraíram e desorientaram os princi-pais guerreiros do exército cristão de Gofredo. É rica a mitologia, são belíssimas as suas ficções, mas à força de serem repetidas e copiadas vão sensivelmente desmerecendo; além de que, como o pássaro da fábula, despimos nossas plumas para nos apavonar com velhas galas, que nos não pertencem.
Em poesia requer-se mais que tudo invenção, gênio e novidade; repetidas imitações o espírito esterilizam, como a muita arte e preceitos tolhem e sufocam o gênio. As primeiras verdades da ciência, como os mais belos ornamentos da poesia, quando a todos pertencem, a ninguém honram. O que mais dá realce e nomea-da a alguns dos nossos poetas não é certamente o uso dessas sediças fábulas, mas sim outras belezas natu-rais, não colhidas nos livros, e que só o céu da pátria lhes inspirará. Tão grande foi a influência que sobre o engenho brasileiro exerceu a grega mitologia, transportada pelos poetas portugueses, que muitas vezes poe-tas brasileiros se metamorfoseiam em pastores da Arcádia, e vão apascentar seus rebanhos imaginários nas margens do Tejo, e cantar à sombra das faias.

Mas há no homem um instinto oculto que o dirige a despeito dos cálculos da educação, e de tal modo o aguilhoa esse instinto que em seus atos imprime um certo caráter de necessidade, a que chamamos ordem providencial ou natureza das coisas. O homem colocado diante de um vasto mar, ou no cume de uma alta montanha, ou no meio de uma virgem e emaranhada floresta, não poderá ter por longo tempo os mesmos pensamentos, as mesmas inspirações, como se assistisse aos olímpicos jogos, ou na pacífica Arcádia habi-tasse. Além dessas materiais circunstâncias, variáveis nos diversos países, que muito influem sobre a parte descritiva e caráter da paisagem poética, um elemento há sublime por sua natureza, poderoso por sua inspi-ração, variável, porém, quanto à sua forma, base da moral poética, que impluma as asas do gênio, que o inflama e fortifica, e ao través do mundo físico o eleva até Deus; esse elemento é a religião.

Se sobre tais pontos meditassem os primeiros poetas brasileiros, certo que logo teriam abandonado essa poe-sia estrangeira, que destruía a sublimidade de sua religião, paralisava-lhe o engenho, e o cegava na contem-plação de uma natureza grandiosa, reduzindo-os afinal a meros imitadores. Não, eles não meditaram, nem meditar podiam; no princípio das coisas obra-se primeiro como se pode, a reflexão vem mais tarde. Acredi-tava-se então que mitologia e poesia era uma e a mesma coisa. O instinto, porém, e a razão mais esclarecida os foram guiando e posto que lentamente, as encanecidas montanhas da Europa se humilharam diante das sempre verdes e alterosas montanhas do Novo Mundo; a virgem homérica, semelhante à convertida esposa de Eudoro, abraça o Cristianismo, e neófita ainda, mal iniciada nos mistérios arcanos de sua nova religião resvala às vezes, e no enlevo da alma, no meio de seus sagrados cânticos se olvida e adormentada sonha com as graciosas mentiras que ao berço lhe embalaram. Não, ela não pode ainda, posto que naturalizada na América, esquecer-se dos sacros bosques do Parnaso, a cuja sombra se recreara desde o albor de seus anos. Dirias que ela é combatida pela moléstia da pátria, e que nos assomos da nostalgia à Grécia transportada se julga, e com seus deuses delira; saudosa moléstia que só o tempo curar pode.
Mas enfim é já um passo, e praza ao céu que a conversão seja completa, e que os vindouros vates brasilei-ros achem no puro céu da sua pátria um sol mais brilhante que Febo, e angélicos gênios que os inspirem mais sublimes que as Piérides.

Se compararmos o atual estado da civilização do Brasil com o das anteriores épocas, tão notável diferença encontraremos como se entre o fim do século passado e o nosso tempo presente ao menos um século mede-ara. Devido é isso a causas que ninguém ignora. Com a inspiração do domínio português muito se desenvol-veram as ideias. Hoje o Brasil é filho da Civilização francesa, e como Nação é filho dessa revolução famosa que abalou todos os tronos da Europa, e repartiu com os homens a púrpura e o cetro dos reis.

O gigante da nossa idade mandou o justo com as suas baionetas até à extremidade da península Ibérica, e o neto dos Afonsos, aterrorizado como um menino, temeu que o braço vitorioso do árbitro dos reis cair fizes-se sobre sua cabeça o palácio dos seus avós. Ele foge e com ele toda a sua corte; deixam o natal país, atra-vessam o Oceano e trazem ao solo brasileiro o aspecto novo de um rei, e os restos de uma grandeza sem brilho. Eis aqui como o Brasil deixou de ser colônia e foi depois elevado à categoria de Reino Unido. Sem a Revolução Francesa, que tanto esclareceu os povos, esse passo tão cedo se não daria. Com esse fato abriu-se para o Brasil uma nova série de coisas favoráveis ao seu rápido desenvolvimento, tornando-se o Rio de Janeiro a sede da Monarquia. Aqui para a primeira época da sua história. Começa a segunda, em que colo-cado o Brasil em mais larga estrada se apresta para conquistar a liberdade e a independência, consequências necessárias da civilização.

Os acontecimentos notáveis da história do Brasil se apresentam neste século como espécies de contrapanca-das ou ecos dos grandes fatos modernos da Europa. O primeiro, como vimos, devido foi à Revolução Fran-cesa; o segundo à promulgação da Constituição em Portugal, que apressa o regresso do rei D. João VI a Lis-boa, deixando entre nós o herdeiro do trono. O Brasil já não podia então viver debaixo da tutela de uma metrópole, que de suas riquezas se nutrira, e pretendia reduzi-lo ao antigo estado colonial. A independência política tornou-se necessária; todos a desejavam, e impossível fora sufocar o grito unanime dos corações brasileiros ávidos de liberdade e de progresso. E quem pode opor-se à marcha de um povo que conhece a sua força, e firma a sua vontade? A independência foi proclamada em 1822, e reconhecida três anos depois. A Providência mostrou mais tarde que tudo não estava feito! Coisas há que se não podem prever. Em 1830 caiu do trono da França o rei que o ocupava, e no ano seguinte deu-se inesperadamente no Brasil análogo acontecimento! A coroa do Ipiranga que cingia a fronte do Príncipe português, reservado pela Providência para ir assinalar-se na terra pátria, passou à fronte de seu filho, o jovem imperador, que fora ao nascer bafe-jado pelas auras americanas e pelo sol dos trópicos aquecido.

De duas distintas partes consta a história do Brasil: compreende a primeira os três séculos coloniais; e a se-gunda o curto período que decorre desde 1808 até os nossos dias. Examinemos agora quais são os escritores desses diversos tempos, o caráter e o progresso que mostra a nossa literatura.

No século XVI, que é o do descobrimento, nenhum escritor brasileiro existiu de que tenhamos notícia. No seguinte século alguns aparecem poetas e prosadores dos quais trataremos mais em particular em um capítu-lo separado, limitando-nos agora a dizer em geral que, fundando-se as primeiras povoações do Brasil debai-xo dos auspícios da religião e pelos esforços dos Jesuítas, a literatura nesse século mostra instável propensão religiosa, principalmente a prosa, que toda consiste em orações sagradas.

É no século XVIII que se abre verdadeiramente a carreira literária para o Brasil, sendo a do século anterior tão minguada que apenas serve para a história. Os moços que no século passado iam à Europa colher os frutos da sapiência, traziam para o seio da pátria os germes de todas as ciências e artes; aqui benigno aco-lhimento achavam nos espíritos ávidos de saber.
Destarte se espalhavam as luzes, posto que a estrangeiros e a livros defendido fosse o ingresso no país colo-nial. Os escritos franceses começaram a ser apreciados em Portugal; suas ideias se comunicaram ao Brasil; dilataram-se os horizontes à inteligência; todos os ramos da literatura foram cultivados, e homens de subida têmpera mostraram que os nascidos nos incultos sertões da América podiam dilatar seu vôo até as margens do Tejo e emparelhar com as Tágides no canto.

No começo do século atual, com as mudanças e reformas que tem experimentado o Brasil, novo aspecto apresenta a sua literatura. Uma só ideia absorve todos os pensamentos, uma ideia até então quase desconhe-cida; é a ideia da pátria; ela domina tudo, e tudo se faz por ela, ou em seu nome. Independência, liberdade, instituições sociais, reformas políticas, todas as criações necessárias em um nova Nação, tais são os objetos que ocupam as inteligências, que atraem a atenção de todos, e os únicos que ao povo interessam.

Tem-se notado, e com razão, que contrárias à poesia são as épocas revolucionárias; em tais crises a poesia, que nunca morre, só fala a linguagem enfática do entusiasmo e das paixões patrióticas, é a época dos Tir-teus. Mas longe estamos por isso de amaldiçoar as revoluções que regeneram os povos; reconhecemos sua missão na história da humanidade; elas são úteis, porque meios são indispensáveis para o progresso do gê-nero humano, e até mesmo para o movimento e progresso literário. É verdade que quando elas agitam as sociedades para um pouco e desmaiar parece a cansada literatura; mas é para de novo continuar mais bela e remoçada na sua carreira; como viajor se recolhe e repousa assustado quando negras nuvens trovejam, e ameaçam a propínqua tempestade; mas finda a tormenta, continua a sua marcha, gozando da perspectiva de um céu puro e sereno, de um ar mais suave, e de um campo por fresca verdura esmaltado.

Aqui terminaremos a vista geral sobre a história da literatura do Brasil, dessa literatura sem um caráter naci-onal pronunciado, que a distinga da portuguesa. Antes, porém, de entrarmos na exposição e análise dos tra-balhos dos nossos primeiros escritores, uma questão se levanta e requer ser aqui tratada, questão toda con-cernente ao país e aos seus Indígenas.

(Dos Opúsculos Históricos e Literários, ed. de 1865.)