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MODERNISMO 1ª FASE
MODERNISMO 1ª FASE

Primeira Fase do Modernismo (1922-1930)

Esta fase, também chamada de “heroica”, foi a que mais combateu a tradição; marcou-se por intensa produção em poesia, cujas principais características foram:

* utilização do verso livre;

* procura de uma língua “brasileira”, privilegiando por isso a linguagem coloquial;

* uso de linguagem telegráfica, condensada;

* ausência de pontuação;

* valorização do cotidiano;

* uso de paródias com o sentido de dessacralizar a tradição;

* uso do humor (poema-piada);

* criação de neologismos;

* aproximação da linguagem da prosa.

Identifique algumas dessas características no texto que segue:

Pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação brasileira

Dizem todos os dias

Me dá um cigarro

      (Oswald de Andrade)

Mário de Andrade (1893-1945)

Poeta e escritor paulista por excelência, Mário de Andrade dedicou-se a um grande número de atividades culturais e foi o principal representante da primeira fase do Modernismo. Escreveu poesia, prosa e ensaios.

 

Poesia 

Há uma gota de sangue em cada poema (1917), seu primeiro livro de poemas, ainda mantém características parnasianas. Resultado do impactoque a guerra causou no poeta, foi escrito sob o pseudônimo de Mário Sobral.

Em Paulicéia desvairada (1922), rompe com a tradição e, usando recursos como poesia telegráfica, 

neologismos, italianismos, constrói um documentário poético da cidade de São Paulo:

Laranja da China, laranja da China, laranja da China!

Abacate, cambucá e tangerina!

Guardate! Aos aplausos do esfuziante clown,

heróico sucessor da raça viril dos bandeirantes, passa galhardo um filho de imigrante,

loiramente domando um automóvel!

ou

São Paulo, comoção de minha vida...

Os meus amores são flores feitas de original...

Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...

Luz e bruma... Forno e inverno morno...

Escreve ainda Losango cáqui (1926), Clã do jabuti (1929), em que aproveita costumes, folclore e linguagem de diferentes regiões do país. Em Remate de males (1930) e Lira paulistana (1946), retoma o tema de Paulicéia desvairada.

Prosa

Em seu primeiro romance, Amar, verbo intransitivo (1927), Mário de Andrade desmascara a moral da burguesia paulistana.

Sua obra mais importante, Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928), é uma rapsódia* em que o autor faz um retrato/colagem do Brasil através do seu folclore, lendas, provérbios, frases feitas, tudo num tom oral.

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:

– Ai! que preguiça!...

E não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também espertava 

quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns diz-que habitando a água-doce por lá. No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos e freqüentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacorocô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.

* Em música, rapsódia significa composição instrumental que utiliza fragmentos de melodias tiradas de cantos tradicionais ou populares.

Não devemos nos esquecer de que Mário de Andrade, além de folclorista, foi dedicado musicólogo.

 

Oswald de Andrade (1890-1954)

O paulista Oswald de Andrade foi uma das figuras mais críticas e revolucionárias do Modernismo.

Em 1911 fundou O Pirralho, semanário humorístico e combativo, em que aparecem seus primeiros escritos.

Poesia

Em 1925 publica Pau-Brasil, livro em que, numa análise crítica da realidade brasileira,

“redescobre” o Brasil, seja parodiando textos de nossos primeiros cronistas, seja recontando nossa história colonial. Observe:

 

As meninas da gare*                        * estação de trem

Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis

Com cabelos mui pretos pelas espáduas

E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas

Que de nós as muito bem olharmos

Não tínhamos nenhuma vergonha

O texto de Pero Vaz de Caminha parodiado é:

“Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem moças bem gentis, com cabelos mui pretos e compridos pelas espáduas, e suas vergonhas tão altas, tão saradinhas e tão limpas de cabeleiras que, de as muito bem olharmos, não tínhamos nenhuma vergonha.”

Oswald ainda escreveu Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927) e Poesias reunidas (1945).

Prosa

Seus romances Memórias sentimentais de João Miramar (1924) e Serafim Ponte Grande (1933) surpreendem pelo trabalho com a linguagem (simultaneidade,quase ausência de pontuação, neologismos, condensação, palavrasem liberdade) e pela montagem (capítulos-relâmpagos, curtíssimos,que se aproximam da poesia. Leia o capítulo 66 de Memórias sentimentais:

66. Botafogo Etc.

Beiramávamos em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas marinhas sem sol.

Losangos tênues de ouro bandeira nacionalizavam o verde dos montes interiores.

No outro lado azul da baía a Serra dos Órgãos serrava.

Barcos. E o passado voltava na brisa de baforadas gostosas. Rolah ia vinha derrapava entrava em túneis.

Copacabana era um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade.

Oswald de Andrade ainda escreveu peças teatrais. Dentre elas destaca- se O rei da vela.

 

Manuel Bandeira (1886-1968)

O pernambucano Manuel Bandeira caracteriza sua obra com versos livres e uma linguagem simples e coloquial.

Iniciou sua carreira em 1917 com A cinza das horas, obra ainda influenciada pelas estéticasparnasiana e simbolista. Em 1922, embora Bandeiranão tenha participado da Semana de Arte.

Moderna, Ronald de Carvalho declama, no Teatro Municipal, seu poema “Os sapos”, do livro Carnaval, de 1919, em que satiriza os poetas parnasianos:

Os sapos

Enfunando os papos,

Saem da penumbra,

Aos pulos, os sapos.

A luz os deslumbra

Em ronco que aterra,

Berra o sapo-boi:

— “Meu pai foi à guerra!”

— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”

O sapo-tanoeiro,

Parnasiano aguado,

Diz: —“Meu cancioneiro

É bem martelado.

Vede como primo

Em comer hiatos!

Que arte! E nunca rimo

Os termos cognatos.

O meu verso é bom

Frumento sem joio.

Faço rimas com

Consoantes de apoio.

(...)

Vai por cinqüenta anos

Que lhes dei a norma:

Reduzi sem danos

A fôrmas a forma.

Clame a saparia

Em críticas céticas:

Não há mais poesia

Mas há artes poéticas...”

(...)

Em Carnaval e Ritmo dissoluto (1924), ensaia os primeiros passos rumo ao Modernismo. Com Libertinagem (1930), adere plenamente ao movimento.

Pertencem a esse livro alguns de seus poemas mais conhecidos como Irene no céu, Poema tirado de uma notícia de jornal, Poética e Vou-me embora pra Pasárgada.

Bandeira escreveu ainda Estrela da manhã (1936), em que explora tradições do folclore negro; Estrela da tarde (1958) e Estrela da vida inteira (1966), que reúne toda sua obra poética.

 

Antônio de Alcântara Machado (1901-1935) 

Alcântara Machado foi o modernista pioneiro da prosa simples e de sabor popular. Estreou Pathé-Baby

(1926), mas o melhor de sua ficção está em seus dois livros de contos: Brás, Bexiga e Barra Funda (1927) e Laranja da China (1928). Neles, revela um intenso sentimento paulistano, refletindo as modificações da estrutura social de sua cidade: aborda a industrialização, o imigrante, a transformação vertiginosa da paisagem paulistana. Em sua prosa amena e bem-humorada, utilizou um vocabulário ítalo-brasileiro. Leia este trecho do conto “A sociedade”, de Brás, Bexiga e Barra Funda, de que faz parte também seu famoso conto “Gaetaninho”:

— Filha minha não casa com filho de carcamano!*

A esposa do Conselheiro José Bonifácio de Matos e Arruda disse isso e foi brigar com o italiano das batatas. Teresa Rita misturou lágrimas com gemidos e entrou no seu quarto batendo a porta.

O Conselheiro José Bonifácio limpou as unhas com o palito, suspirou e saiu de casa abotoando o fraque.

O esperado grito do cláxon* fechou o livro de Henri Ardel e trouxe Teresa Rita do escritório para o terraço.

O Lancia passou como quem não quer. Quase parando. A mão enluvada cumprimentou com o chapéu Borsalino. Uiiiiia—uiiiia!

Adriano Meli calcou o acelerador. Na primeira esquina fez a curva. Veio voltando. Passou de novo. Continuou. Mais duzentos metros. Outra curva. Sempre na mesma rua. Gostava dela. Era a Rua Liberdade. Pouco antes do número 259-C já sabe: uiiiiia-uiiiiia!

                                             * carcamano: imigrante italiano